Que noite mais fria, noite de cativeiro, minh'alma liberta no tambor de senzalas. Mão de arrebatar, toca no dobrado o amor negro-afro; que de tantos sonhos se tornam cantos de lamento de nossos Deuses-Orixás; são os troncos duros do tempo, neste momento já passado e inspirado agora em outro momento, já em lágrima de alegria, me faz chorar.
O tronco nu hoje em exposição em centros turísticos de exploração. Minha terra, doce, nobre e amada terra, ainda vive a mesma emoção de erros e procuras do acerto na justiça da legislação. Um canto nagô ainda me atravessa a alma nas dores da amada religião, e na contramão da cristandade, ainda corremos da perseguição.
Negro Orixá de lágrimas descendo pela face, como se fosse descortinar a emoção guardada de seus pretéritos de Quilombos; me conta meu negro-rei-liberdade de Palmares, o açoite de sua alma ferida de cativeiros mesmo sem ser escravo nos liberta na luz dos negros velhos, os ensinamentos de humildade.
A luz que se potencializa nos Pretos Velhos, é a luz transformadora de Obaluaê. Luz da liberdade e da humildade na vida que vem nos ajudar, para que o homem não seja curvado pelo sofrimento do próprio tempo de Olorum.
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