É neste baiano que eu me tropeço e neste doce chão de meus versos eu no cambalear me faço e me acho senhor de meus próprios fundamentos.
É como se eu tivesse andando e fosse ora descendo, ora subindo a ladeira pra modo de buscar encontrar o canto da sereia a beira mar, onde as águas da cachoeira encontram os negros afluentes escurecendo as águas azuis do próprio Mar.
É neste passo de lá pra cá, daqui pra lá que eu me alembro da negra pele menina que em uma noite voltando pra colina na ladeira me fez os olhos molhar. Linda, contornada com a mão na cintura igual a da sereia, esculpida a mão pelo mesmo artesão. Eu baiano, alto e de capoeira...
Ela era moça desenhada, esculpida, faceira, na argila da areia. Onde está seu tabuleiro de acarajé, de munguzá minha baiana, minha sereia?
Seu cheiro nesta brisa mansa do mar...
Onde você está menina? Nesta tela da lembrança do meu sonhar...
Talvez esteja agora subindo ou melhor descendo a ladeira exalando beleza por onde esta imagem passar. Negra rosa vermelha, menina de cabelos negros e olhos esverdeados.
Dança... Baila em meu congá...
Dança seu Olodum no balançar do seu tererê chacoalhando o vento e com o beber jurema me faz assim por dentro, eu me embriagar.
É mas tem coisa que não é pra baiano, eu criei um sonho de Cyrano de Bergerac e por seu sonho, logo eu fui me apaixonar.
Descobri depois de esculpir que não era negra rosa menina e baiana a arte final. Era só um sonho cigano deste tal Bergerac, mas olhe só meu tropeço. Não era pela baiana que fui me apaixonar e sim pela cigana Rosa Vermelha que minha carroça do tempo foi se encantar.
E neste sentimento eu por minha própria obra, fui dando por dentro forma a minha forma de cigana de amar.
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